sábado, junho 10, 2006

Mestre Zé Salgueiro - Contos, Cantos e Encantos

Por entre casas brancas
Sol e distâncias
Por entre oliveiras e vinhedos
Ânsias e medos
Por entre espigas e bolotas
A espuma dos olhos
Na terra seca e no calor
O sabor a suor
Nas almas sem mistério
A luz apenas como refrigério
E na dor das horas imoladas
Silêncio e nada...







Partimos de manhã cedo
mas não há hora estipulada
estava tudo cheio de sono
ainda era de madrugada

Bastou chegar a Montemor
sair depois da camioneta parada
notámos chegar ao Alentejo
com tanta casa caiada



E logo depois de descidos
procuramos sitio para o farnel
foi mesmo debaixo de uma oliveira
e tudo deitou o dente ao pastel

O Cruz animou o almoço
Deu-nos uma bela sobremesa
Até pôs o Beles a dançar
Foi uma bela surpresa

A Lorena e já referidos
Todos na roda dançavam
Outros ficaram a olhar
Enquanto outros pensavam

Já depois de saciados
e barriguinha bem cheiinha
lá voltamos pra camioneta
pra mais uma voltinha




Mas a voltinha foi curta
nem deu pra ter formigueiro
Foi então que conhecemos o Mestre
de seu nome José Salgueiro

Começou logo a dizer
que não sabia quase nada
mas assim que abriu a boca
Toda a gente ficou parada

Com tamanho conhecimento
caminhando direito à ribeira
explicou com o seu saber
a utilização da erva cidreira

Logo ficamos a saber
Também da nossa Buglosa
Diz o mestre e com razão
que deixa a pele muito airosa

No meio da confusão
e com os pés já molhados
Pareceu-nos ouvir da planta
Quando os homens estão atrapalhados

Ainda ouvimos por entre dentes
“é um velho com caruncho!”
Mas expliquem lá como ele,
Toda a propriedade do Funcho!

Não é velho é um sábio
E com grande coração
Como ele ninguém domina
A planta Dente-de-Leão

“Não mexam nessa planta”
“cuidado não pisem o alho!”
Mas afinal quem era a personagem?
Que tinha cara de paspalho?


Ninguém sabia responder
até gritarem no meio da Tília
era o Leo a perguntar
“Óh Cristina ele não é tua família?!"

A Cristina muita aflita
Logo lhe respondeu que não
Enquanto distribuia bonés
Dentro do saco que tinha na mão

Pró Cardo Mariano caminhámos
Ignorando tal personagem
Mas para acompanhar o mestre
Era precisa grande coragem

Com muito atenção e afinco
E um caminho bem esforçado
Lá o mestre nos informou
“este cardo é pró fígado estragado!”

Já cansados mas com gosto
Lá seguíamos o nosso mestre
Não era fácil de o acompanhar
No meio de tanto cipreste

Mas quem já devia estar aflito
De braço estendido sempre a gravar
Era o nosso colega Luis
Pró momento depois recordar

Sempre de aparelho na mão
Pra gravação não ficar pior
Nem sei como não tropeçou
Na alface- brava- maior

Mas houve outros acontecimentos
Lá prós lados do Alecrim
Era a alergia da Raquel
Começou logo com o atchim!

Mas houve logo quem é amiga
E que lhe respondeu “Santinho”
Era a nossa amiga Ângela
Quase ao pé do rosmaninho


No meio dos campos floridos
E aleada da confusão
Andava a menina Teresa
Apanhando flores á mão

Diz o mestre sobre o alecrim
E já com tudo parado
Que esta planta cresce no campo
Não precisa de ser semeado

E mais uma vez do nada
Falou o técnico visitas ao campo
Era o nosso paspalhito
A perguntar das plantas pró cancro

E o mestre com muita destreza
E sempre com grande sapiência
Deitou-lhe um ar zangado
Já estava a ficar sem paciência


Toda a gente se perguntava
“mas quem é tal personagem?”
Já ninguém o podia ouvir
Quando chegámos ao pé da Borragem

“Da borragem nem vos falo”
Explica o Mestre as aplicações
Tosse, gripe, reumatismo
E até prás depressões!

Mas tudo se apercebeu
De algo que esvoaçava
Não era pássaro nem cegonha
Era a Maria quando passava

O Hugo gostou muito
E até mandou piada
A Isabel também achou
Que ela estava muito engraçada


O Alexandre e a sua Fátima
Conforme os minutos passados
Caminhavam lado a lado
Sempre muito interessados

O André, Clemente e Luiz
Também não quiseram faltar
Todos muito cavalheiros
Sempre prontos a ajudar

Do crataegus monogyna
Que é o nosso perliteiro
Contou-nos a lenda o Mestre
Que já deu muito dinheiro

E o Mestre continuava
Não parava de explicar
Até do Salgueiro-Branco
Para a febre fazer parar

Já quase no fim do passeio
Percorrida quase uma légua
Não se esqueceu o mestre
Da nossa bela Beldroega

Dela pode-se fazer sopas
É um bom emenagogo,
Diurético e cicatrizante,
É uma planta do povo!

E chegados já ao fim
O Mestre começou a versar
Era boa a sua rima
Mas melhor o conversar


Do seu livro logo puxou
Mais a sua linda agente
Eram só poucos euros
Ou queria enganar a gente

Depois dos livros vendidos
Puxou logo dos chás em saquinhos
Afinal deviam render
Muito mais que os seus livrinhos

Surgiu uma grande dúvida
Foi como se engolisse um osso
O mestre tinha pensado
Que alguém deitou um chá ao bolso

Mas foi tudo esclarecido
Depressa esclareceram
Afinal todo o problema
Foi um saquinho que perderam

E já todos muito cansados
Deixando pra trás a vida boa
Lá foi tudo caminhando
Direitinho a Lisboa

Olhando bem pra trás
Ao Mestre não conseguimos acenar
Afinal estava ocupado
Tinha o dinheirinho pra contar

Do crominho nem o visto
Não sabemos se era boa pessoa
Só o ouvimos lá ao longe
Que também ia pra Lisboa

E esta foi a visita
A Montemor pra ver as plantas
Não conseguiu ir toda a gente
Mas ainda foram umas tantas

Recordações todos teremos
E recordamos com alegria
Esta foi a história da visita
Do 3º B de Naturopatia
(Montemor-O-Novo, 01/05/06)

2 Comments:

At 20:35, Anonymous Anónimo said...

Foi um passeio e tanto! Deviamos fazer mais passeios destes para aprendermos mais sobre a natureza e também para fazermos alguma coisa todos como grupo! Obrigado pelo poema Bel...3 VIVAS Á BEL!jokas!Vamos lá pessoal.., aproveitar este espaço para ter uma voz em conjunto! Afinal a união faz a força!

 
At 19:07, Anonymous Anónimo said...

Pois é, para quem nao foi aqi esta um belo retrato do qe foi este passeio!!So tu belzita pa ires buscar os pormenores tds!!hehehe

 

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