domingo, junho 18, 2006

A Reflexologia

No início do século, a Reflexologia foi introduzida no ocidente pelo Dr. William Fitzgerald. Ele estudou e notou que a pressão em pontos específicos existentes nos pés, estimulava o corpo a curar a si mesmo. Por volta de 1930, a Dra. Eunice Ingham, aprimorou essa técnica, que foi seguida pelo seu sobrinho, o Dr. Dwight Byers, considerado uma das maiores autoridades neste ramo da Medicina Natural.
A reflexologia é a prática de aplicar a pressão em pontos dos pés e das mãos, por norma os pés, a fim de estimular o sistema de cura do próprio corpo. O nome «reflexologia» deriva do facto de os reflexologistas acreditarem que as partes do corpo se reflectem nos pés e nas mãos ou talvez do conceito de acção reflexa. Uma acção reflexa ocorre num músculo ou órgão quando a sua energia é activada a partir de um ponto de estímulo do corpo. Em reflexologia, o ponto de estímulo situa-se na mão ou no pé.
Os reflexologistas acreditam que a aplicação de pressão nesses pontos reflexos pode melhorar a saúde física e mental. Dependendo dos pontos escolhidos, os terapeutas podem utilizar a terapia para aliviar a tensão, reduzir a inflamação, melhorar a circulação ou eliminar as toxinas do corpo. A reflexologia é uma forma segura e eficaz de tratamento que os clínicos usam para estimular o corpo a autocurar-se. Fazem-no actuando sobre o corpo físico para estimular a cura nos níveis físico, mental e emocional. E embora a terapia não implique um esforço consciente por parte do paciente, encoraja o sistema sarador do corpo a procurar o seu ponto de equilíbrio ou «homeostase».
Não se sabe exactamente como funciona a reflexologia, para além do acto físico de estimular as terminaçõe nervosas do pé. Mas tem sido explicada em termos de energia eléctrica ou electroquímica que age ao longo de um sistema reflexo autónomo, em conjunto com o sistema nervoso autónomo.
Os reflexologistas activam a energia através das zonas.O corpo divide-se em 10 zonas verticais ou canais, 5 na esquerda e 5 na direita. Cada zona vai da cabeça até às áreas reflexas das mãos e pés e de frente para trás do corpo. Todas as partes dentro de uma zona estão ligadas por canais nervosos e espelham-se na correspondente zona reflexa nas mãos e pés.
Ao aplicar a pressão num ponto particular, conhecido como ponto ou área reflexa, o terapeuta pode estimular ou reequilibrar a energia na zona em causa.
Por exemplo, o rim esquerdo, situado na zona 2 do lado da mão esquerda do corpo, reflecte-se no mesmo ponto na zona 2 do pé esquerdo. Se ocorre um bloqueio de energia numa zona, pode afectar diversas partes do corpo dentro dessa mesma zona, provocando mais do que um sintoma patológico. Por exemplo, alguém com problemas no rim esquerdo poderá desenvolver dificuldades no olho esquerdo porque os olhos e os rins estão ambos ligados pela energia à zona 2.
Os reflexologistas recorrem também ao princípio de reflexos cruzados. Assim, partes da zona superior do corpo correspondem a partes da zona inferior e podem ser utilizadas como substitutos em caso de tratamento. Por exemplo, o braço direito reflecte-se na perna esquerda; o ombro direito corresponde à anca direita e a mão direita ao pé direito. Os reflexos cruzados são úteis ao reflexologista se a parte do corpo que necessita de tratamento estiver inacessível. Pode ser muito doloroso tratar um ombro esquerdo deslocado, pelo que a dor pode ser aliviada indirectamente, actuando no reflexo cruzado situado na anca esquerda.
Não é o reflexologista só por si que cura pois somente o corpo é capaz de se auto curar. Mas a Reflexologia ajuda a equilibrar todos os sistemas corporais, estimulando as áreas pouco activas e acalmando as áreas hiperactivas. Estando todos os sistemas do corpo intimamente relacionados, qualquer coisa que afecte uma parte vai afectar o todo.

Raquel Silva

sábado, junho 10, 2006

Mestre Zé Salgueiro - Contos, Cantos e Encantos

Por entre casas brancas
Sol e distâncias
Por entre oliveiras e vinhedos
Ânsias e medos
Por entre espigas e bolotas
A espuma dos olhos
Na terra seca e no calor
O sabor a suor
Nas almas sem mistério
A luz apenas como refrigério
E na dor das horas imoladas
Silêncio e nada...







Partimos de manhã cedo
mas não há hora estipulada
estava tudo cheio de sono
ainda era de madrugada

Bastou chegar a Montemor
sair depois da camioneta parada
notámos chegar ao Alentejo
com tanta casa caiada



E logo depois de descidos
procuramos sitio para o farnel
foi mesmo debaixo de uma oliveira
e tudo deitou o dente ao pastel

O Cruz animou o almoço
Deu-nos uma bela sobremesa
Até pôs o Beles a dançar
Foi uma bela surpresa

A Lorena e já referidos
Todos na roda dançavam
Outros ficaram a olhar
Enquanto outros pensavam

Já depois de saciados
e barriguinha bem cheiinha
lá voltamos pra camioneta
pra mais uma voltinha




Mas a voltinha foi curta
nem deu pra ter formigueiro
Foi então que conhecemos o Mestre
de seu nome José Salgueiro

Começou logo a dizer
que não sabia quase nada
mas assim que abriu a boca
Toda a gente ficou parada

Com tamanho conhecimento
caminhando direito à ribeira
explicou com o seu saber
a utilização da erva cidreira

Logo ficamos a saber
Também da nossa Buglosa
Diz o mestre e com razão
que deixa a pele muito airosa

No meio da confusão
e com os pés já molhados
Pareceu-nos ouvir da planta
Quando os homens estão atrapalhados

Ainda ouvimos por entre dentes
“é um velho com caruncho!”
Mas expliquem lá como ele,
Toda a propriedade do Funcho!

Não é velho é um sábio
E com grande coração
Como ele ninguém domina
A planta Dente-de-Leão

“Não mexam nessa planta”
“cuidado não pisem o alho!”
Mas afinal quem era a personagem?
Que tinha cara de paspalho?


Ninguém sabia responder
até gritarem no meio da Tília
era o Leo a perguntar
“Óh Cristina ele não é tua família?!"

A Cristina muita aflita
Logo lhe respondeu que não
Enquanto distribuia bonés
Dentro do saco que tinha na mão

Pró Cardo Mariano caminhámos
Ignorando tal personagem
Mas para acompanhar o mestre
Era precisa grande coragem

Com muito atenção e afinco
E um caminho bem esforçado
Lá o mestre nos informou
“este cardo é pró fígado estragado!”

Já cansados mas com gosto
Lá seguíamos o nosso mestre
Não era fácil de o acompanhar
No meio de tanto cipreste

Mas quem já devia estar aflito
De braço estendido sempre a gravar
Era o nosso colega Luis
Pró momento depois recordar

Sempre de aparelho na mão
Pra gravação não ficar pior
Nem sei como não tropeçou
Na alface- brava- maior

Mas houve outros acontecimentos
Lá prós lados do Alecrim
Era a alergia da Raquel
Começou logo com o atchim!

Mas houve logo quem é amiga
E que lhe respondeu “Santinho”
Era a nossa amiga Ângela
Quase ao pé do rosmaninho


No meio dos campos floridos
E aleada da confusão
Andava a menina Teresa
Apanhando flores á mão

Diz o mestre sobre o alecrim
E já com tudo parado
Que esta planta cresce no campo
Não precisa de ser semeado

E mais uma vez do nada
Falou o técnico visitas ao campo
Era o nosso paspalhito
A perguntar das plantas pró cancro

E o mestre com muita destreza
E sempre com grande sapiência
Deitou-lhe um ar zangado
Já estava a ficar sem paciência


Toda a gente se perguntava
“mas quem é tal personagem?”
Já ninguém o podia ouvir
Quando chegámos ao pé da Borragem

“Da borragem nem vos falo”
Explica o Mestre as aplicações
Tosse, gripe, reumatismo
E até prás depressões!

Mas tudo se apercebeu
De algo que esvoaçava
Não era pássaro nem cegonha
Era a Maria quando passava

O Hugo gostou muito
E até mandou piada
A Isabel também achou
Que ela estava muito engraçada


O Alexandre e a sua Fátima
Conforme os minutos passados
Caminhavam lado a lado
Sempre muito interessados

O André, Clemente e Luiz
Também não quiseram faltar
Todos muito cavalheiros
Sempre prontos a ajudar

Do crataegus monogyna
Que é o nosso perliteiro
Contou-nos a lenda o Mestre
Que já deu muito dinheiro

E o Mestre continuava
Não parava de explicar
Até do Salgueiro-Branco
Para a febre fazer parar

Já quase no fim do passeio
Percorrida quase uma légua
Não se esqueceu o mestre
Da nossa bela Beldroega

Dela pode-se fazer sopas
É um bom emenagogo,
Diurético e cicatrizante,
É uma planta do povo!

E chegados já ao fim
O Mestre começou a versar
Era boa a sua rima
Mas melhor o conversar


Do seu livro logo puxou
Mais a sua linda agente
Eram só poucos euros
Ou queria enganar a gente

Depois dos livros vendidos
Puxou logo dos chás em saquinhos
Afinal deviam render
Muito mais que os seus livrinhos

Surgiu uma grande dúvida
Foi como se engolisse um osso
O mestre tinha pensado
Que alguém deitou um chá ao bolso

Mas foi tudo esclarecido
Depressa esclareceram
Afinal todo o problema
Foi um saquinho que perderam

E já todos muito cansados
Deixando pra trás a vida boa
Lá foi tudo caminhando
Direitinho a Lisboa

Olhando bem pra trás
Ao Mestre não conseguimos acenar
Afinal estava ocupado
Tinha o dinheirinho pra contar

Do crominho nem o visto
Não sabemos se era boa pessoa
Só o ouvimos lá ao longe
Que também ia pra Lisboa

E esta foi a visita
A Montemor pra ver as plantas
Não conseguiu ir toda a gente
Mas ainda foram umas tantas

Recordações todos teremos
E recordamos com alegria
Esta foi a história da visita
Do 3º B de Naturopatia
(Montemor-O-Novo, 01/05/06)

online